quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Metodologia EAD Texto 04: Um caso na Educação e as contribuições para a EAD

Refletir a educação, os vários tipos de organização que surgiram ao decorrer dos tempos, a ocorrência do processo ensino aprendizagem e as relações interpessoais que perpassam por esse fazer, é alvo de discussão e estudo de muitos pensadores e filósofos da educação.

Com uma história inicial carregada de ideologias, a educação e consequentemente, a escola como instituição mantenedora do “saber” institucionalizado, foi organizando-se a cada período histórico de acordo com os interesses da sociedade que mantinha o domínio do poder.

Nesse contexto, convém destacar os estudos do filósofo Rancière ao investigar as contribuições do professor Joseph Jacotot ao postular as idéias de um saber libertário, no qual o aluno torna-se emancipado intelectualmente. Em decorrência da revolução de 1968 e do exílio vivido na Holanda, Jacotot enfrenta o desafio de ensinar sua língua (o francês) para alunos holandeses, embora não dominasse a língua materna dos mesmos. No entanto, com a ajuda de um intérprete e a utilização de materiais instrucionais como instrumentos de mediação da prática pedagógica, os alunos superam as expectativas do próprio mestre em relação a capacidade de aprender.

Tal experiência levou-o a transformar suas concepções pedagógicas, uma vez que tornou-se evidente que os alunos poderiam aprender sem o mestre, a partir da tensão motivada pelo próprio desejo, o que conduz a capacidade de autonomia e conseqüente emancipação do saber. Nesse processo de emancipação intelectual, o indivíduo torna-se, de fato, liberto e independente.

Ao mesmo tempo, no contexto brasileiro, o pedagogo Paulo Freire propõe um método de ensino revolucionário, baseado na dialética, que tem como princípio a máxima: “Ninguém educa ninguém, os homens se educam entre si mediatizados por seu mundo.” Tal método objetiva a autonomia do sujeito a partir da análise e conscientização da realidade, em contraposição à uma educação “bancária”, que não permite a integração dos saberes com a vida.

Na atualidade, a constatação de Jacotot, apresentada por Rancière, bem como as contribuições do método pedagógico proposto por Paulo Freire podem ser utilizadas para refletirmos sobre o papel da EAD. Partindo do pressuposto que o “aluno” é partícipe do processo de aprendizagem na EAD, faz-se necessário situá-lo como dinamizador do próprio saber, a partir da autonomia na organização dos tempos, espaços e rotinas dedicadas ao estudo. Todo esse contexto, favorece o desenvolvimento de um aluno autodidata e consequentemente, emancipado intelectualmente.

Na EAD as relações tornam-se “não hierarquizadas”, partindo da desconstituição da impostura do mestre como alguém dominante e inflexível e que entra na relação com o aprendiz como “aquele que sabe”. Assim, o papel do tutor (substituído pela postura do mestre tradicional) deve ser o de contextualizar, discutir e apontar possíveis encaminhamentos durante e após o trabalho já efetivado pelos estudantes.


Por: Alessandra Ferreira Gonçalves, Diego Buffolo Portinho, Márcia Hildilene Mathielo de Freitas, Regina Rosa Puppin e Telma Novaes Barbosa Cruz - Pólo UAB - Cachoeiro de Itapemirim-ES.


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