quinta-feira, 8 de julho de 2010

Texto 04-Cibercultura e Ciberespaço: Novos conceitos em discussão

A década de 90 foi marcada pelo “boom” de revoluções tecnológicas. Nesse processo, o aperfeiçoamento da informática e o advento da internet destacam-se como eventos de fundamental importância no cenário mundial.

Já a partir da década dos anos 2000 torna-se visível a expansão do número de usuários conectados a rede mundial de computadores, em decorrência de uma série de fatores, sobretudo sociais e econômicos, a saber: expansão da “banda larga”, facilidades para aquisição e financiamento de computadores, além da acessibilidade a cursos e ferramentas de utilização tecnológica.

No entanto, tais fatores também passaram a interferir diretamente nos conceitos cristalizados relativos a espaço e cultura. Ao estabelecer-se num cenário mundial globalizado, a internet desconstruiu a noção de tempo, congregando cada vez mais usuários nos chamados espaços virtuais da rede, como resultado das facilidades econômicas e das políticas de inclusão digital.

A partir daí a fixação da internet justifica-se ao permitir novas possibilidades de interação para as mais distintas finalidades: constituir redes de contato, proporcionar entretenimento e informação, contato com novos mercados de trabalho, relacionamento, etc.

Mediante o exposto, estudiosos como Pierre Levy, interessa-se em investigar as interferências dessas tecnologias da informação nas relações sociais. Ao perceber que os espaços sociais passam a ser colonizados por diferentes sujeitos, das mais distintas nacionalidades, valores culturais e status socioeconômico, nasce o conceito de “cibercultura”. Consequentemente, a idéia de ciberespaço é destacada como espaço das múltiplas possibilidades virtuais apresentadas anteriormente.

Numa perspectiva social e filosófica tais estudos são carregados de profundas mudanças paradigmáticas alterando, sobretudo a noção do real e imaginário. O cinema, através dos gêneros de ficção científica, retratados nos filmes “Matrix” e “Inteligência Artificial” passou a disseminar sobre o imaginário coletivo a idéia de que a realidade pode ser muito diferente tal como a conhecemos, o que leva-nos a estabelecer uma relação direta com o “mito da caverna de Platão”.

A idéia do homem que habita a caverna de Platão traduz-se no projetar das sombras projetada pela própria fogueira que os aquece ou pela luminosidade que adentra o espaço. Nesse caso, o real representa o mundo exterior, ainda desconhecido, traduzido pelo mundo das idéias e o irreal constituído pelo mundo dos sentidos, da percepção errônea concebida sobre a realidade.

Assim sendo, como definir o real e o irreal no conceito de ciberespaço / cibercultura? Certamente, o encaminhamento a tal questionamento, explicita-se nas possibilidades daquilo que o homem pode realizar a partir do espaço virtual, uma vez que o ciberespaço não substitui o real, mas permite a troca de informações e conseqüente ampliação da cibercultura.

Atualmente, o próprio fenômeno educativo é posto “em cheque”, frente à emergência e exigência de expansão da escolaridade, através do conceito de Educação à Distância (EAD).

Nesse cenário de emergência e exigência a Educação à Distância (EAD) em interface com os conceitos de cibercultura / ciberespaço leva-nos a repensar o papel da escola, dos sistemas de aprendizagem e avaliação, uma vez que o compartilhamento de memória e informação permite ampliar o potencial da inteligência criativa.

Ao mesmo tempo é importante ressaltar que tais possibilidades ainda não são acessíveis por muitos sujeitos, o que acarreta exclusão e aumento das desigualdades. Assim, as políticas públicas na área digital assumem um papel fundamental de universalização e inclusão, como passo indispensável ao exercício pleno da cidadania.

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